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O Chinês Feliz

Blog sobre duvidas existencias como decidir quem come o último brigadeiro, como influenciar amigos e fazer pessoas e qual sabão em pó tem a propaganda mais pentelha. Patrocinado pela lavanderia do Chinês Feliz. Apoio FUNDAÇÃO LAO TSE TSE para o bem-estar de Lao Tsé Tsé.

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quarta-feira, abril 05, 2006

Diga “33”

Para alguns que, diferentemente de mim, “crêem”, chegar na idade de Cristo pode ter significados diversos, mas para mim é apenas curioso. Longe, obviamente, de querer me comparar a um Messias e uma figura que, historicamente está envolta de tantos significados, ter 33 tem um significado curioso quando penso sobre o assunto.
É a idade que meu pai completou no ano de meu nascimento, em 1973, o que já daria alguns motivos um tanto freudianos para se pensar a respeito, por exemplo, também, além de ser um numero dobrado, o que possivelmente algum numerologo de plantão pudesse extrair significados ocultos.
Mas para além de números e significados ocultos, é a primeira vez, em todos estes anos, que, paradoxalmente, fazer aniversário menos significa para mim. A idade, sim, significa, mas o aniversário em si, não. Aos 10 estamos iniciando nosso primeiro aniversario expresso com mais de um numero, aos 12 ou 13 o inicio do que nos espera “oficialmente” como adolescência, aos 15, dizem, atingimos já a mesma capacidade intelectual, ainda que não de experiência acumulada, que teremos no restante da vida (paras falar a verdade vi isso em um filme do Silvester Stallone, de modo que podem ignorar isso como fonte fidedigna). Aos 18 carta, exercito e consumo de bebidas alcolicas legalizado, quer nos preocupemos com isso de fato, quer não. Aos 21 eramos considerados “plenamente responsáveis”, aos 30 viramos “balzaquianos” ou equivalente. Dizem (um dia saberei) que alguma coisa me espera no gênero aos 40. E por ai vai.
Mesmo anos sem números “significativos”, cada aniversário, até o ano passado, tinha algum significado especial, como um ano que mudava de cidade, ou completaria faculdade ou nasceria um filho (coisa que alias, vai ocorrer este ano).
Porém, acho que a idade nos torna um pouco mais tranquilos, talvez. Não que as pequenas e as grandes coisas não signifiquem, e muito, ainda, na vida da gente. Apenas que pela primeira vez na vida entendo, de fato, que estar vivo torna a todos e a tudo especial, e portanto, a nada e a ninguém. Envelhecer não significa obrigatoriedade em estarmos mais sábios (nem, esperemos, mais idiotas, como as vezes acontece). Não significa abandono dos sonhos que não realizamos (por exemplo, já dançou meu desejo de ser o primeiro astronauta brasileiro), pueris ou não.
Apenas, e de uma forma muito estranha, “estarmos”. Não tenho especial vinculo com o budismo, por razões que não vem ao caso, mas entendo pela primeira vez, o que algumas pessoas mais entendedoras que eu de pensamento oriental querem dizer com “ZEN”.
Talvez não tão Zen com o fato de estar zen, ja que escrevo este pequeno texto, mas zen quanto a tudo o mais. Não ausência de preocupações, não serenidade quanto aos “inimigos”, mas sereno com relação ao fato de que, realmente, algumas coisas não poderão ser mudadas e, apesar disso, não poderia ser diferente tentar modifica-las.
Talvez meus 34 sejam mais conturbados, talvez encontre a semana que vem ou amanha, depois de terminar este texto, a boa e velha irritação carcamana a qual tenho direito por herança.
Mas me sinto no meio de algo. Não algo místico, entenda seja você quem for que leia isto aqui. Apenas no meio. Sentado em um galho, com um tigre acima e outro abaixo, mas saboreando o morango.
Bom ano a todos.